
Iniciada que foi a sessão, na Escola Secundária de Albufeira, a formadora distribuiu a cada formando este documento, e iniciou-se a reflexão individual sobre o mesmo.
Estive presente enquanto mãe e professora, e irei resumir, o melhor que puder, o que foi dito na acção. Não houve mais documentação, nem qualquer apresentação de Powerpoint.
Uma espécie de conversa entre pessoas que partilham as mesmas preocupações, anseios, alegrias e algumas mágoas.
A psicóloga educacional deu o mote, a partir das reflexões dos presentes, que surgiram espontâneas, com base no documento.
Não garanto, obviamente, o carácter científico do que aqui vou escrever, não é esta a minha formação, e escrevo sem "rede"; como referi, não houve documentação entregue aos formandos. Decisão da formadora, com objectivos que desconheço.
Qualquer erro, agradeço que mo corrijam, pois só me baseio nos apontamentos alinhavados; claro que muitas palavras são minhas, daí o meu receio de haver erros científicos, ou que não correspondam exactamente ao que a formadora quis dizer.
A fim de tornar mais fácil a leitura, resumo a acção por tópicos:- Não podemos falar de linhas de fronteira entre o que é NORMAL e o PATOLÓGICO (descompensação);
- A nossa posição - enquanto seres pensantes - oscila entre estes dois conceitos, e é assim que deve ser, para que haja EQUILÍBRIO;
- Não há estados puros, nós oscilamos entre os dois estados - normal e patológico;
- Temos colados a nós muitos papéis: filhos, mães, pais, profissionais, mulher...;
- Não se pode falar só em EU, TU, NÓS, porquanto somos esse conjunto de papéis colados ao nosso corpo;
- As correntes que defendem o EU - ALUNO - APRENDIZAGENS - não nos interessam;
- O que interessa é o EU-TU-NÓS, mas interligados;
- Para que haja uma boa relação ESCOLA-FAMÍLIA, há que "BALIZAR";
- Para isso, temos o 1º "estruturador cognitivo": as "ROTINAS";
- As rotinas indicam o que posso fazer e o que não posso fazer, levando a criança à "AUTO-REGULAÇÃO";
- Ao contrário das pedagogias que nos levam à estratégia do reforço positivo, o que interessa é o "REFORÇO INTERMITENTE";
- O excesso de limites também é perigoso, conduz a uma baixa auto-estima;
- Interessa é a "MANUTENÇÃO DAS ROTINAS";
- Há vários tipos de pais:
- PAIS PERMISSIVOS;
- PAIS AUTO-PROTECTORES/SUPER-PROTECTORES: os filhos destes aparentam ter auto-estima e vão ter um perfil narcísico;
- PAIS AUTORITÁRIOS - com demasiadas "balizas": levam a baixa auto-estima; podem recalcar e/ou tornar-se filhos violentos; podem levar a uma "psicopatia activa": sempre a reclamar, nunca estão bem com a vida; podem levar, pelo contrário, a comportamentos passivos, por exemplo, aquelas pessoas em quem não reparamos, são bons filhos, bons vizinhos e, quando se fala deles, é para dizer que tiveram determinados comportamentos psicóticos: violaram, mataram, etc;
- A "CAPACIDADE DE RESILIÊNCIA", ser resiliente, permite que alguém seja um modelo de referência para outros;
- Quem tem esta capacidade - de ser resiliente - ajuda pessoas que, não sendo/tendo modelos positivos, procuram nos outros essa capacidade; reconhecem em alguém capacidades positivas para serem ajudados/as;
- A importância da "DECISÃO", capacidade de gerir e de decidir, leva ao desenvolvimento, ao crescimento, à melhoria;
- PAIS NEGLIGENTES: mostram ausência de zelo, os filhos "que se desenrasquem", eles são capazes, eles conseguem sozinhos...;
- Esta falta de zelo traz consequências: estes filhos também andam na linha do risco, com perigo associado; são insatisfeitos, querem ser amados, por vezes, auto-mutilam-se, cortam-se para ajudar a gerir a dor psicológica ( podem ser seguidores de um estilo que vem do punk e do gótico, dos Emotions", sendo a auto-flagelação quase socialmente aceite );
- PAIS DEMOCRÁTICOS: é o estilo de pais que se situam na arbitragem e na negociação, ou seja, na MEDIAÇÃO. Esta atitude de mediação é muito importante, mas só se a proporção for de 100% de cada lado. Este estilo de pais democráticos, mediadores, mostram aos filhos as barreiras, as balizas, explicam-nas e ouvem. A mediação promove o livre arbítrio - a decisão, a escolha, a responsabilidade.
- É preciso ser ACTIVO e INVESTIR; pensar e agir sobre a situação e as consequências associadas.
- Na mediação há partilha, mas há que saber mediar as oposições.
- As tomadas de posições, de ambas as partes, são uma consequência onde emoções, vivências, mágoas e alegrias se misturam.
- Nas cedências, os interesses de cada um devem ser trabalhados, devemos centrar-nos no OUTRO para se chegar a um ENCONTRO.
- Nos filhos, a questão da identidade é o processo chave na idade da adolescência; faz parte do desenvolvimento, mas é aqui que OS PAIS DEVEM SER CONSISTENTES.
- A IDENTIDADE está a ser consolidada, faz falta uma FIGURA EDUCATIVA.
- Então, como se resolve o processo IDENTIDADE versus CONFUSÃO DE IDENTIDADE?
- Com a manta de retalhos, os tais muitos papéis que temos colados em nós, com a CONSOLIDAÇÃO DAS IDENTIDADES.
- A FAMÍLIA é fundamental. Neste processo de confusão de identidade, havendo suporte e mediação, o RETORNO virá sempre mais tarde - o lado bom, a aproximação entre pais e filhos.
- Não podemos esquecer que a DESCENTRAÇÃO é saudável, mas temos sempre de respeitar o espaço do OUTRO.
- Na relação ESCOLA-FAMÍLIA, há que ir por experiências, de espírito aberto até se conseguir chegar.
- Há que primeiro não ver crianças, mas sim POTENCIAIS nas crianças.
- Há que ver também quais são as POTENCIALIDADES DA FAMÍLIA. Como trazê-la à escola?
- Trazer um pai ou mãe à escola é mais do que chamá-los para uma reunião.
COMO COMEÇAR UMA REUNIÃO COM OS PAIS?
- Começar pelos aspectos POSITIVOS E GERAIS;
- Ir aos NEGATIVOS GERAIS;
- Chegar aos NEGATIVOS PESSOAIS;
- NUNCA partilhar estes últimos com os outros pais.
O OBJECTIVO É TRAZER OS PAIS À ESCOLA!
- Há que PROMOVER A CONSCIÊNCIA de auto e hetero conhecimento do que vai acontecendo com os alunos.
- VALORIZAR as pequenas coisas.
- DESEJAR pequenas mudanças: mas o processo tem que existir, em PEQUENOS ESTÁDIOS.
Espero ter conseguido transmitir o que foi, grosso modo, dito e partilhado pelos presentes na acção de formação com a psicóloga Cátia Martins.
frapal.albufeira.formação@gmail.com
Sem comentários:
Enviar um comentário