Quem é este senhor? É GIL VICENTE, considerado o pai do teatro português e até ibérico, porque não?!
Aqui fica o excerto de que os alunos mais gostam, devido à linguagem.
CENA IV
Vem Joane, o Parvo, e diz ao Arrais do Inferno:
PARVO
Hou daquesta!
DIABO
Quem é?
PARVO
Eu soo.
É
esta a naviarra nossa?
DIABO
De quem?
PARVO
Dos tolos.
DIABO
Vossa.
Entra!
PARVO
De pulo ou de voo?
Hou!
Pesar de meu avô!
Soma,
vim adoecer
e
fui má-hora morrer,
e
nela, pera mi só.
DIABO
De que morreste?
PARVO
De quê?
Samicas
de caganeira.
DIABO
De quê?
PARVO
De caga merdeira!
Má
rabugem que te dê!
DIABO
Entra! Põe aqui o pé!
PARVO
Houlá! Nom tombe o zambuco!
DIABO
Entra, tolaço eunuco,
que
se nos vai a maré!
PARVO
Aguardai, aguardai, houlá!
E
onde havemos nós d'ir ter?
DIABO
Ao porto de Lucifer.
PARVO
Ha-á-a...
DIABO
Ó Inferno! Entra cá!
PARVO
Ò Inferno?... Eramá...
Hiu!
Hiu! Barca do cornudo.
Pêro
Vinagre, beiçudo,
rachador
d'Alverca, huhá!
Sapateiro
da Candosa!
Antrecosto
de carrapato!
Hiu!
Hiu! Caga no sapato,
filho
da grande aleivosa!
Tua
mulher é tinhosa
e
há-de parir um sapo
chantado
no guardanapo!
Neto
de cagarrinhosa!
Furta
cebolas! Hiu! Hiu!
Excomungado
nas erguejas!
Burrela,
cornudo sejas!
Toma
o pão que te caiu!
A
mulher que te fugiu
per'a
Ilha da Madeira!
Cornudo
atá mangueira,
toma
o pão que te caiu!
Hiu!
Hiu! Lanço-te üa pulha!
Dê-dê!
Pica nàquela!
Hump!
Hump! Caga na vela!
Hio,
cabeça de grulha!
Perna
de cigarra velha,
caganita
de coelha,
pelourinho
da Pampulha!
Mija
n'agulha, mija n'agulha! (…)